Relatório de Impacto da RESET (2020-2024)
- Notícias RESET
- 12 de nov.
- 7 min de leitura

A RESET orgulha-se de apresentar a publicação do seu primeiro Relatório de Impacto & Aprendizagem (2020-2024) — um documento de marco que captura a primeira medição abrangente da contribuição transformadora da iniciativa para o desenvolvimento rural, sustentabilidade e crescimento inclusivo em Moçambique.
Mantivemos inabalavelmente o nosso propósito ao longo de 127 anos, e o nosso otimismo quanto ao futuro da nossa actividade nunca foi mais forte. A RESET representa uma abordagem transformadora na nossa jornada rumo ao desenvolvimento sustentável e à amplificação do impacto social.
Esta iniciativa reflecte o nosso compromisso renovado com os nossos valores nucleares, missão e visão, adaptados às necessidades e desafios sociais locais em evolução no tempo actual em Moçambique. É um testemunho da nossa dedicação para não simplesmente adaptar-nos, mas liderar num panorama global em constante mudança. No cerne desta transformação está a nossa equipa, cuja expertise diversa e orientação visionária são fundamentais para conduzir a nossa direcção estratégica. O seu papel é crucial para assegurar que as nossas operações não só se alinhem, mas também estabeleçam novos padrões no desenvolvimento sustentável.
Principais Desafios
O Relatório de Impacto da RESET destaca o legado da organização, a sua missão e valores, mostrando os seus esforços compreensivos para enfrentar os desafios económicos, sociais e ambientais de Moçambique. Alicerçado nos ODS (Objectivos de Desenvolvimento Sustentável) e nas metas de impacto ESG (Ambiental, Social e de Governança), a RESET enfatiza o seu quadro institucional, alcance operacional e os seus principais indicadores de desempenho (KPIs).

O relatório também explora as certificações da RESET, parcerias de valor partilhado e o ecossistema que permite a sua missão de transformar os meios de subsistência rurais. As secções principais ilustram a resposta da organização aos desafios críticos de ESG e ODS, o seu alcance operativo e os seus esforços colaborativos com as partes interessadas. O relatório oferece uma visão abrangente dos impactos mensuráveis da RESET nas dimensões ambiental, social e de governança. Os êxitos ambientais incluem a restauração de terras, o aumento da biodiversidade e a adopção de práticas agrícolas sustentáveis.
As iniciativas de impacto social centram-se em melhorar os meios de subsistência, reduzir a pobreza e promover a educação e a equidade de género. As iniciativas de governança da RESET sublinham o compromisso da organização com a sustentabilidade através de uma equipa dedicada, infraestrutura agro-industrial robusta e a integração de investigação científica para impulsionar a inovação. Ao capacitar comunidades rurais com competências empresariais e acesso a oportunidades de trabalho digno, a RESET fomenta o crescimento inclusivo e a sustentabilidade a longo prazo. Além disso, o seu foco na responsabilidade perante as partes interessadas, parcerias multi-stakeholder e o compromisso firme em mitigar a violência e promover a transparência solidificam a posição da RESET como um líder transformador no desenvolvimento sustentável.
Enquadramento Institucional
O termo “RESET” é usado metaforicamente para representar a necessidade de uma reformulação substancial nas formas em que vivemos e trabalhamos em linha com o planeta. O quadro institucional da RESET, refletindo um desafio global, necessita de soluções inovadoras de valor partilhado para superar obstáculos ambientais e sociais críticos em Moçambique.

Embora a JFS‑RESET e a RESET Foundation operem de forma independente, compartilham uma sinergia colaborativa, impulsionada por indivíduos dedicados a objectivos comuns. Esta parceria exemplifica transparência, sem conflitos de interesse, garantindo que o grupo RESET está aberto a todas as partes interessadas, tendo benefícios que vão para além de si próprio. Apeasar de ser mais do que uma extensão dos esforços da RESET, esta iniciativa é uma força autónoma de progresso, comprometida em conduzir mudança sistémica, apoiar pequenos produtores e estabelecer um novo padrão no desenvolvimento sustentável para Moçambique e além.
É um ecossistema vivo de instituições, pessoas, valores e soluções a operar na interseção de transformação agro-industrial, meios de subsistência rurais, regeneração ambiental e governação ética. O seu alcance operativo abrange nove províncias em Moçambique e atinge mais de 200 000 indivíduos — principalmente pequenos agricultores e famílias rurais — através de parcerias de longo-prazo, e não intervenções pontuais.
Operação e Âmbito Geográfico
O âmbito geográfico da RESET reflecte um compromisso estratégico com o desenvolvimento enraizado, inclusivo e regenerativo em todo Moçambique. Operando em nove províncias — abrangendo norte, centro e sul do país — a RESET foca-se na construção de ecossistemas rurais resilientes em territórios historicamente desfavorecidos por infra-estruturas, investimento e serviços públicos.
A sua presença é particularmente forte em regiões marcadas por elevada pobreza multidimensional, vulnerabilidade climática e fragilidade pós-conflito. As províncias do norte de Nampula, Niassa, Zambézia e Cabo Delgado formam o núcleo histórico e operativo do trabalho da RESET. Estas regiões abrigam os principais sistemas de produção de algodão e oleaginosas, projectos agroflorestais e redes rurais de lojas, muitas vezes implementados em parceria com pequenos agricultores. Estas regiões incluem também algumas das áreas mais afectadas por desflorestação, degradação do solo e conflito armado recente — tornando-as críticas para intervenções que combinem regeneração ambiental com empoderamento económico.

A RESET está também a expandir o seu alcance nas províncias do centro e sul, incluindo Manica, Sofala, Tete, Gaza e Inhambane. Nestes locais, o foco inclui agricultura comercial (como sisal, macadâmia e lichia), cadeias de valor integradas e projectos de meios de subsistência alimentados por energia solar. As operações em Chimoio (Manica) e Cuamba (Niassa) servem como pontos chave agro-industriais, enquanto Nacala e Nampula são estratégicas para logística, armazenamento e exportação. O modelo territorial da RESET é multicamada. A nível local, faz parceria com mais de 40 000 famílias de pequenos agricultores, oferecendo sementes, formação, certificação, acesso a mercados e serviços sociais.
Em paralelo, desenvolve infraestrutura agro-industrial — armazéns, fábricas de óleo comestível e unidades de medição de carbono — criando a estrutura física para economias rurais circulares e inclusivas. Através da sua rede de lojas rurais “João Agricultor”, a RESET facilita o acesso a insumos, crédito e mercados justos para milhares de agricultores remotos, promovendo empreendedorismo e meios de subsistência dignos. Esta estratégia determinada pelo local permite que a RESET implemente soluções altamente contextualizadas mas escaláveis. Seja em zonas pós-conflito como Mocímboa da Praia, em corredores de biodiversidade como Niassa e Zambézia, ou em zonas de agricultura comercial como Manica, o modelo da RESET adapta-se às dinâmicas ecológicas e sociais locais. Ao mesmo tempo, conecta todos os territórios sob uma visão nacional coerente — aquela que posiciona o rural de Moçambique não como sítio de pobreza, mas como laboratório para o desenvolvimento regenerativo à escala.
Principais Desafios, Soluções Sistémicas e Impactos Documentados
Moçambique enfrenta desafios ambientais, sociais e de governação sobrepostos que impedem o desenvolvimento sustentável — particularmente nas zonas rurais onde mais de 70 % da população vive. Degradação generalizada do solo, desflorestação acelerada e choques climáticos como ciclones têm minado os sistemas alimentares e a resiliência ecológica. Ao mesmo tempo, mais de 62 % da população vive abaixo da linha de pobreza, com desemprego juvenil, desigualdade de género e acesso limitado a serviços criando profunda vulnerabilidade social. Infra-estrutura fraca, baixo investimento público em investigação e capacidade institucional limitada restringem ainda mais a transformação rural e expõem os pequenos agricultores à volatilidade de mercado e aos riscos de produção.

A RESET responde a estes desafios através de um modelo de desenvolvimento sistémico e regenerativo. Ambientalmente, restaura terras degradadas através de agroflorestação e agricultura sem químicos, alcançando emissões líquidas negativas de carbono na produção de algodão. Socialmente, fortalece os meios de subsistência através do acesso a insumos, formação, energia solar e mercados inclusivos — capacitando mais de 40 000 agricultores, com as mulheres ao centro da liderança comunitária. Os esforços de governação incluem a construção de infraestrutura agro-industrial, a garantia de rastreabilidade e o fomento de parcerias multi-partes interessadas para apoiar cadeias de valor transparentes, certificadas e baseadas em dados.
Histórias de Impacto
Agricultores rurais em Ruti enfrentam desafios significativos que impactam os seus meios de subsistência e qualidade de vida. Tal como muitos outros, o Rasul tem tido de lidar com escassez de água, fazendo a sua família percorrer longas distâncias para recolher água, o que afecta tanto a produtividade como a higiene diária. A ausência de electricidade em zonas rurais, incluindo a machamba de Rasul, limita o acesso a energia essencial para a agricultura e para o dia-a-dia, tornando os painéis solares uma solução crucial ainda que dispendiosa.

A jornada de Rasul também evidencia a vulnerabilidade dos agricultores às condições climáticas, uma vez que a chuva imprevisível impacta directamente as colheitas e a estabilidade financeira. Rasul Lurião, nascido em 1974, iniciou a sua jornada agrícola em tenra idade ajudando os seus pais nos campos. Aos 20 anos fundou a sua primeira machamba e gradualmente expandiu-a para mais de 35 hectares, incluindo campos de algodão, milho e soja. Rasul tornou-se um modelo na sua comunidade; a sua determinação para melhorar os meios de subsistência da sua família enquanto proporciona oportunidades aos seus filhos realça o seu compromisso inabalável com a resiliência e crescimento. Rasul emprega ainda trabalhadores sazonais e assegura o seu bem-estar através de contratos justos e apoio.
“Tenho filhos que estão a estudar. Portanto, eles precisam de apoio, como material escolar, uniformes, cadernos, livros, e mesmo actividades recreativas. Eu uso o dinheiro que ganho no meu trabalho para ajudar a sustentar os meus filhos.”
A JFS-RESET forneceu recursos e ferramentas que transformaram as práticas agrícolas de Rasul. Uma das contribuições mais impactantes foi a disponibilização de um trator, o que aumentou significativamente a sua eficiência na aração e preparação dos terrenos. Este apoio permitiu a Rasul expandir a sua machamba para 35 hectares, tendo o algodão como cultura principal e campos adicionais de milho e soja. Adicionalmente, a JFS-RESET facilitou o acesso a painéis solares, resolvendo as limitações energéticas na sua zona rural. Embora não oferecidos de forma gratuita, estes painéis permitem iluminação básica e utilização de energia, melhorando as condições de vida e a produtividade. Através de acesso consistente ao mercado, a JFS-RESET compra o algodão de Rasul directamente da sua machamba, assegurando uma fonte de rendimento fiável. O apoio facultado permitiu a Rasul investir em infraestrutura, tal como armazéns para colheitas e habitação, e manter a segurança alimentar da sua família e dos seus trabalhadores.
Principais Impactos Positivos na Vida da família e comunidade de Rasul:
Aumento da Produtividade Agrícola: Com acesso ao trator provido pela JFS-RESET, Rasul aumentou a eficiência na aração e plantação, permitindo-lhe cultivar áreas maiores.
Apoio à Educação: O rendimento da agricultura apoia a educação dos seus filhos, cobrindo propinas escolares, uniformes e material.
Liderança Comunitária: Rasul emprega e apoia trabalhadores locais, fomentando estabilidade económica e colaboração na comunidade.
Acesso à Energia Solar: Os painéis solares, facilitados pela JFS-RESET, proporcionaram iluminação e necessidades básicas de energia, melhorando a vida quotidiana na machamba.
Segurança Alimentar e Infraestrutura: Rasul construiu infra-estrutura de armazenamento para colheitas e assegura abastecimento alimentar consistente para a sua família e trabalhadores.
Convidamo-vos a mergulhar no relatório — não apenas para ver os números, mas para conhecer as pessoas por detrás do progresso. Descobrirão histórias de impacto mais poderosas, dados de vanguarda e um modelo replicável de desenvolvimento regenerativo em contextos frágeis. Se és decisor político, investidor, pesquisador ou cidadão comprometido com a sustentabilidade, encontrarás no interior percepções, inspiração e soluções baseadas em evidência e em mundo real.
A RESET está comprometida com os Sustainable Development Goals (ODS). Este estudo está ligado a vários ODS. Os ODS, também conhecidos como Objectivos Globais, foram adoptados pelas United Nations em 2015 como um apelo universal à acção para acabar com a pobreza, proteger o planeta e assegurar que até 2030 todas as pessoas desfrutem de paz e prosperidade.
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